Procura
- Dan Elias
- 24 de jan. de 2016
- 2 min de leitura

Certa vez, precisei de paciência, Mas não sabia onde ela estava, Revirei o armário, tirei do lugar as xícaras e as caixas de chá, E nada, Quando eu mais precisei, ela não estava lá, Então, eu fui sem paciência mesmo, E um dia durou uma semana, As conversas tediosas eram ressacas eternas, E as montanhas mais tranquilas explodiram em erupções assustadoras, Tudo porque não achei o que procurava antes;
Dada circunstância, precisei de determinação, Onde estava, eu não sabia, Fui até a estante e removi da frente todos os livros e cadernos, Vazio absoluto, Achei que a encontraria, mas não aconteceu, Então, fui sem determinação mesmo, E foi construída uma parede no meio da trilha que eu mais gostava de percorrer, Os santuários mais antigos se desmoronaram como castelos de areia, E me afoguei na piscina rasa na qual não queria entrar, Tudo porque não achei o que procurava antes;
Em outro momento, precisei de coragem, E não a encontrei em canto algum, Abri o baú e tirei todas as espadas e armaduras de dentro, Nenhum sinal, Precisava muito dela, e ela não estava lá, Então, eu fui sem coragem mesmo, E uma cadeira se tornou uma guilhotina, Um relógio se tornou um martelar nos dedos dos pés, E a escolha de um sabor ou outro se tornou a decisão entre cortar uma perna ou um braço, Tudo porque eu não achei o que procurava antes;
No fim das contas, precisei de persistência, Sabia que também não ia achar, Revirei os cantos mais escuros da casa durante a madrugada, Não achei, Continuei revirando, vasculhando, me jogando no chão, olhando até onde provavelmente não tinha nada, pois queria achar, Dessa vez, achei, mas não tinha para onde ir com ela, E acabei achando também a paciência, Encontrei depois a determinação, e, em seguida, a coragem, Achei tudo o que havia perdido tardiamente, Tudo porque eu não achei o que procurava na hora certa.
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